—Com 33 milhões passando fome, Bolsonaro reduz imposto de Whey Protein e acessórios de motociclistas—-
Medida beneficia colegas de motociatas e consumidores de suplementos alimentares. “O governante tem que ser amigo de 215 milhões de brasileiros”, ensina Lula
O leite está mais caro que a gasolina? Pessoas andam deixando itens da cesta básica nos carrinhos de supermercado? Mais de 33 milhões de cidadãos passam fome? Para Jair Bolsonaro nada disso interessa. O que interessa é que caíram os impostos incidentes sobre whey protein e acessórios para as claques das motociatas. “Ajuda pessoal que malha”, justificou na live das quintas-feiras, quando distribuiu “patadas” em assessores.
O inquilino do Palácio do Planalto se referia à decisão tomada nesta quarta-feira (17) pelo Comitê-Executivo de Gestão (Gecex) da Câmara de Comércio Exterior (Camex), que alterou a alíquota de sete itens da pauta de importação brasileira por meio da inclusão dos produtos na Lista de Exceções à Tarifa Externa Comum (Letec) do Mercosul.
Conforme o Gecex, a partir de 1º de setembro serão zeradas alíquotas de concentrados de proteínas e substâncias proteicas texturizadas; complementos alimentares; coletes e jaquetas, impermeáveis, em tecido de poliamida de alta tenacidade, providos de sistema de insuflação (airbags), utilizados para proteção de motociclistas.
Para 4% cairão as alíquotas de lactalbumina, incluindo concentrados de proteínas de soro de leite. O subproduto da produção de queijos passou a ser oferecido nos supermercados após o estouro do preço do leite, mas não tem as qualidades do leite convencional porque perde gorduras. Como o leite tem vitaminas absorvidas apenas na presença de gordura, o consumo dessa sobra pode causar deficiências nutricionais.
Imediatamente após a live, Bolsonaro começou a ser cobrado sobre reduções em alimentos que a maioria da população efetivamente consome. E tentou se explicar no Twitter. “Por que não anuncia redução de imposto sobre alimentos? Por que (sic) já anunciamos há meses! Os impostos sobre itens da cesta básica têm sido reduzidos e zerados continuamente desde 2020 para combater os efeitos do ‘fica em casa que a economia vê depois’ e da guerra”, afirmou, mais uma vez distorcendo a realidade.
A redução da taxa de importação anunciada em maio para diversos produtos, inclusive alimentos, na prática não ajudou o consumidor, que continua pagando caro. Os maiores beneficiados foram o importador e o comércio, que aumentaram as margens de lucro, denunciou na época o diretor-técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Fausto Augusto Junior.
Para Fausto, o desgoverno Bolsonaro está perdido em relação ao combate à inflação e “atira para todos os lados”. Segundo ele, enquanto não for alterada a política de Preço de Paridade de Importação (PPI) da Petrobrás, que impacta nos aumentos do diesel, utilizado no transporte e na agricultura, a inflação vai continuar em alta.
A variação negativa (-0,68%) do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em julho, por exemplo, foi um efeito temporário do baixo preço da gasolina, devido à queda de impostos. “Mantida a política da Petrobrás, reajustes da gasolina virão quando houver alta do preço, consumindo a queda oriunda do imposto”, pondera Bruno Moretti, assessor da Bancada do PT no Senado. “Além disso, o diesel segue nas alturas.”
“Para 2023 já está contratado o reajuste com a retomada dos tributos federais. Só a queda do ICMS é permanente, prejudicando gastos de Educação e Saúde na ponta”, acrescentou o economista, lembrando que os preços dos alimentos seguem em alta, prejudicando principalmente as famílias mais pobres
Com 33 milhões passando fome, Bolsonaro reduz imposto de Whey Protein e acessórios de motociclistas
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