Indígenas do Equador culpam política neoliberal por crise na segurança

Indígenas do Equador culpam política neoliberal por crise na segurança

A Confederação de Nacionalidades Indígenas do Equador (Conaie), principal organização indígena do país, aponta as políticas neoliberais como a raiz da crise de segurança atual.

Em comunicado, a Conaie enfatiza que a crise é fruto de um problema estrutural decorrente da radicalização dessas políticas, que, segundo eles, têm corroído o Estado e suas instituições, deixando-as incapazes de responder efetivamente.

 

O neoliberalismo, doutrina que preconiza a máxima liberdade dos agentes econômicos e mínima intervenção do Estado na economia, tem sido implementado no Equador por meio de privatizações, redução de gastos e investimentos públicos, desregulamentação trabalhista, entre outras medidas, conforme explicado pela Conaie.

 

A organização argumenta que essas políticas contribuíram para o aumento da desigualdade e pobreza, criando um ambiente propício ao recrutamento de jovens pelo crime.

A Conaie, conhecida por liderar protestos contra medidas dos governos anteriores, destaca a falta de liderança e projeto político nos últimos governos, priorizando agendas particulares em detrimento da maioria da população.

 

Segundo os indígenas organizados na Conaie, a crise atual é agravada pela permissividade das autoridades, permitindo a infiltração de criminosos em entidades estatais, enfraquecendo a institucionalidade responsável pela segurança pública.

A estratégia dos criminosos, de acordo com a organização, é disseminar o medo e o caos para subjugar o povo equatoriano, desprovido de garantias adequadas de um Estado considerado falido e reduzido.

 

Diante desse cenário, a Conaie convoca a população a se manter ativa em guardas comunitárias para controlar o acesso aos territórios. Além disso, destaca a importância da construção da unidade nacional, envolvendo todos os setores da sociedade, para superar a crise.

O comunicado encerra com um apelo ao governo e à Assembleia Nacional para não aproveitarem a crise como pretexto para aprovar leis ou políticas antipopulares, que poderiam agravar a situação e provocar reações populares em defesa dos direitos.

 

A crise de segurança, desencadeada por grupos do crime organizado ligados ao tráfico de drogas, resultou em uma onda de sequestros e explosões no Equador desde terça-feira (9). O presidente equatoriano, Daniel Noboa, em resposta, decretou Estado de Emergência com toque de recolher, convocando as Forças Armadas para combater os grupos criminosos.


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