MEC debate nova política educacional para os anos finais do fundamental
OMinistério da Educação (MEC), por meio da Secretaria de Educação Básica (SEB), promoveu o Seminário Nacional Escola das Adolescências: compromissos de uma política nacional para os anos finais do ensino fundamental. Ele ocorreu na última sexta-feira, 1º de dezembro, das 14h às 18h30, no Cine Brasília, localizado na capital federal.
Na ocasião, foi exibido o documentário Esquecidos: crise nos anos finais do ensino fundamental, realizado pelo Laboratório de Estudos e Pesquisas em Economia Social (Lepes), da Universidade de São Paulo (USP). O evento foi organizado pela Coordenação Geral do Ensino Fundamental, da Diretoria de Políticas e Diretrizes da Educação Integral Básica.
O Seminário contou com a presença de professores, secretários de educação de vários municípios e estados do País, diretores, equipe técnica e estudantes. O objetivo foi apresentar os elementos organizadores da estratégia do Ministério para melhorar a oferta dos anos finais do ensino fundamental.
Assim, a estratégia busca valorizar a etapa de desenvolvimento em que os estudantes se encontram, focalizando oportunidades de aprendizagem, estabelecendo apoio às transições escolares e constituindo formas de reorganizar tempos e espaços para instituir um currículo intencional que amplie e articule diferentes experiências formativas.
Os anos finais do ensino fundamental têm desafios que reúnem complexidade de gestão, de organização das transições entre etapas e de singularidades do sujeito adolescente.
A mesa-redonda “Qual escola queremos para as adolescências?”, que aconteceu após a exibição do documentário, teve a presença de estudantes dos anos finais da rede pública do Distrito Federal e da cidade de Ribeirão Preto (SP): Rafaella Gomes, Alexandre Bianchine e Ana Luíza Oliveira. Além deles, participaram a secretária-executiva do MEC, Izolda Cela, e a secretária de Educação Básica, Kátia Schweickardt.
Os estudantes relataram demandas relacionadas a prevenção e combate ao bullying, recursos para as escolas, preparação socioemocional, entre outras preocupações que giram em torno da adolescência dentro do ambiente escolar. “Vocês destacaram que a escola é um espaço de relações humanas, de relacionamentos. São muito bem-vindos os recursos, as tecnologias, queremos usufruir de tudo isso, agora todo o potencial positivo do ambiente escolar só vai se efetivar se passar pelas relações”, apontou Izolda Cela.
Ela completou dizendo que as escolas precisam adequar suas dinâmicas para garantir um acompanhamento mais próximo de cada aluno.
A secretária-executiva ainda abordou as especificidades dos anos finais do ensino fundamental. Para ela, cada etapa tem sua importância, seu contexto, mas é preciso olhar para cada uma com muita atenção, pois o momento exige especial cuidado com as séries finais do ensino fundamental. “A gente ouve muito das pessoas do campo da educação que o ensino fundamental 2 precisa de um olhar, uma atenção, de políticas focalizadas. Eu me sinto muito comprometida com isso. É um momento de transição da vida, o início de uma nova etapa, a preparação para o ensino médio. E há necessidades e solicitações. Precisamos estar atentos”, finalizou.
A secretária de Educação Básica, Kátia Schweickardt, destacou que a Pasta jamais perdeu de vista a necessidade de uma política voltada para as adolescências: “Muita gente pode até pensar que, ao fazermos escolhas em cima de alguns projetos prioritários, nós não olhamos para o ensino fundamental II, mas não é verdade, nós olhamos o tempo todo”.
Depois, apontou com preocupação a alta taxa de evasão entre o nono ano do ensino fundamental e primeiro ano do ensino médio: “Isso nos preocupa muito e é por isso que estamos aqui, debatendo com vocês”.
“No Brasil quase não se trabalha com as transições. O estudante sai do quinto para o sexto ano e os professores aumentam de número. A gente tem muita dificuldade de entender quais são as necessidades reais e limitações no processo de ensino-aprendizagem para esses adolescentes”, Kátia explicou.
“Agora demos o pontapé inicial e começamos algo que não vai parar, que é a construção coletiva dessa política que reconhece que as adolescências são múltiplas, diversas e que temos muitas realidades no País. Sabemos que nem tudo que funciona em Brasília vai funcionar no Ceará ou na Amazônia, por exemplo, mas temos muitos pontos em comum! Quem sabe, juntos, nós conseguiremos desenhar e botar de pé escolas que considerem a potência das adolescências”, concluiu.
Durante a mesa-redonda “Anos finais do ensino fundamental: transições e regime de colaboração”, o diretor de Políticas e Diretrizes da Educação Integral Básica, Alexsandro Santos, disse que não faz sentido “o Ministério da Educação imaginar que possa resolver ou encaminhar problemas da educação básica brasileira sem dialogar com os dirigentes municipais e estaduais de educação, com professores e professoras que trabalham nas escolas, com as equipes técnicas das secretarias e com os estudantes. A ideia é sempre construir as políticas em colaboração, o que tem nos inspirado e nos levado a construir instâncias de diálogo, e nós temos o Grupo de Trabalho Interfederativo (GTI) dos Anos Finais, que está trabalhando conosco para desenhar essa política”.
Também estavam presentes na mesa Rodrigo Torres, secretário-adjunto de Educação do Piauí; Silvio Fidelis, vice-presidente da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime); e Mayra Ponti, pesquisadora e colaboradora do Lepes/USP. O Cine Brasília exibiu no foyer trabalhos de destaque de estudantes dos anos finais do ensino fundamental da rede de ensino do Distrito Federal.
(ASCOM MEC)
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