Redes sociais tóxicas

Cada vez mais a internet se mostra tóxica e isso pode mexer (negativamente, claro) com a nossa saúde mental. Independentemente de política (ou outro tema que gere conflitos), de forma geral, todo mundo sabe que a internet não é um lugar saudável. E são muitas as redes sociais tóxicas…

Ao longo dos anos, ela se mostrou uma faca de dois gumes: ao mesmo tempo que facilitou o acesso à informação, abriu as portas para a desorientação e as fake news. Instaurou novos hábitos, permitiu uma série de comodidades, porém trouxe vários riscos, de várias formas.

Psicóloga aponta três motivos para a agressividade

Andrea Jotta, psicóloga e pesquisadora do Laboratório de Psicologia em Tecnologia, Informação e Comunicação da PUC-SP, aponta três motivos para a agressividade aflorada da sociedade tecnológica moderna: não ver a interface do outro, a impulsividade aliada à disponibilidade das redes sociais e o comportamento de manada, que traz à tona o cyberbullying (prática da intimidação, humilhação, exposição vexatória, perseguição, calúnia e difamação por meio de ambientes virtuais, como redes sociais, e-mail e aplicativos de mensagens).

“O grande perigo é que ele pode alcançar todos os círculos sociais. Se antes da internet seus amigos da rua não sabiam do apelido maldoso que te colocaram na escola, com as redes sociais ele vai ser conhecido por todos, e a pessoa fica sem um ambiente seguro emocionalmente e exposta ao sofrimento”, explica Andrea.

Twitter é a rede social mais tóxica

Atualmente a rede social mais tóxica da Internet é o Twitter. Ao menos é o que diz um estudo feito pela empresa de comunicação SimpleTexting. O levantamento foi realizado nos Estados Unidos, em março de 2022, com pouco mais de mil usuários de redes sociais com idade entre 18 e 75 anos.

A segunda rede social mais tóxica para os entrevistados foi o Reddit. Em terceiro lugar aparece o Facebook, rede social que já sofreu diversas críticas pelo alto índice de circulação de desinformação e fake news. Logo após vêm TikTok, Instagram Snapchat e YouTube.

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que o número de suicídios entre jovens de 11 a 20 anos aumentou em 49,6% entre 2014 e 2019, quando houve aumento no uso de smartphones e mídias sociais.

“Embora não se possa dizer que as redes sociais são as únicas responsáveis pela piora na saúde mental dos jovens, o bullying e as interações sociais negativas possuem um impacto muito maior na vida de crianças e adolescentes do que na de adultos, podendo levar a quadros de depressão e até mesmo de suicídio”, segundo Alexander Bez, especialista em saúde mental da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA).

Pinterest é a rede social menos tóxica

Por outro lado, a rede social menos tóxica é o Pinterest. Ele tem regras para diminuir atividades tóxicas, como a proibição de pornografia e disseminação de ódio. A rede social modera conteúdos para proteger os usuários, removendo ou limitando o alcance de mídias que incluem algum tipo de estereótipo ou ataques discriminatórios.

Existem outras plataformas mais “amigáveis” que são pouco conhecidas. Uma delas é o BeReal, rede que vem fazendo sucesso por só permitir uma publicação por dia e não ter filtros. O objetivo é justamente valorizar conexões reais.

Redes sociais focadas em temas específicos também pode ser bem menos tóxicas do que as mais famosas. O Skoob, por exemplo, é um aplicativo voltado para usuários que gostam de compartilhar suas experiências literárias e descobrir novos conteúdos. O Letterboxd tem uma proposta semelhante, mas é voltado para filmes.

A McAfee divulgou dados comportamentais de crianças e jovens do mundo todo, revelando que 95% das crianças de 10 a 14 anos já utilizam smartphones no Brasil. Em outros países, a média é menor, ficando em 76%. Já os jovens de 17 a 18 anos apresentam um índice de 99% no uso dos aparelhos, 6% acima da média mundial. Então cuidar da saúde mental está diretamente ligado ao afastamento das mídias sociais, mesmo que momentaneamente. E se você não é vítima, mas sim agressor/a, cuidado porque esses acontecimentos envolvem todos os seres humanos e o seu papel pode ser trocado.

 

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Vinicius Fernandes Batista é professor, tradutor e revisor. Um carioca que não gosta do Rio de Janeiro, mas adora a trinca de V: verdade, vinho e viagem

 

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