
Nos últimos anos, a geopolítica mundial vem passando por transformações profundas. A guerra entre Rússia e Ucrânia, a tensão crescente entre Estados Unidos e China, e a reconfiguração das cadeias globais de produção estão criando oportunidades únicas para países que antes estavam à margem do jogo das grandes potências. E entre esses países, o Brasil desponta com um enorme potencial.
Por décadas, fomos vistos como o país do futuro. Agora, o futuro bate à nossa porta. O Brasil tem uma das maiores reservas de água doce do planeta, ocupa o terceiro lugar na produção de alimentos mundial e é o maior exportador de soja, carne bovina e frango. Em 2023, apenas o agronegócio brasileiro gerou mais de 166 bilhões de dólares em exportações, segundo o Ministério da Agricultura.
A busca por segurança alimentar e energética tornou-se prioridade para muitas nações, e o Brasil possui o que o mundo precisa: alimento, energia limpa e recursos naturais estratégicos. Nosso potencial em energias renováveis é colossal. Temos a matriz energética mais limpa entre os países do G20, com mais de 83% da nossa eletricidade proveniente de fontes renováveis, segundo a EPE (Empresa de Pesquisa Energética).
Além disso, a chamada “reindustrialização verde” está empurrando as potências globais para longe da dependência do petróleo. E o Brasil, com sua vasta capacidade em energia eólica, solar e biocombustíveis, pode se tornar protagonista nesse novo mercado trilionário.
Outro fator chave é a chamada “nova rota industrial”, onde empresas buscam fugir da instabilidade da Ásia e da guerra comercial entre EUA e China. Isso faz com que o Brasil seja visto como um porto seguro. A Amazon, a Stellantis e a BYD estão entre as multinacionais que anunciaram investimentos bilionários no Brasil nos últimos dois anos.
E o que dizer da posição estratégica do Brasil no contexto dos BRICS? Com a entrada de novos países como Arábia Saudita e Irã, o bloco passa a controlar mais de 40% da produção mundial de petróleo e 36% do PIB global em paridade de poder de compra. Com Lula retomando protagonismo diplomático, o Brasil ganha espaço em negociações internacionais e abre portas para novos acordos comerciais.
Claro, desafios existem — como infraestrutura, burocracia e insegurança jurídica. Mas o mundo está em busca de alternativas confiáveis. E se o Brasil conseguir aproveitar esse momento com planejamento e visão de longo prazo, poderá finalmente ocupar o lugar que merece no cenário global.
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