7 x 1!

Neste domingo (20) começa no Catar a 22ª edição da Copa do Mundo de Futebol, para muitos a maior competição esportiva do planeta. Com cinco títulos e único a participar sempre, o Brasil é um dos favoritos ao título, que não vem desde 2002, e com direito a um 7 x 1 sofrido em casa.

Antigamente os brasileiros ficavam empolgados e ansiosos para a Copa, movidos pela paixão pelo esporte e pela camisa canarinho, enfeitando suas moradias e ruas com bandeiras, fitilhos e asfalto pintado, a decoração produzida com empenho servia também para reunir a vizinhança e/ou a família para assistir os jogos sempre regados à boa comida, bebida e animosidade.

Atualmente, com o excesso de jogadores atuando no exterior e a seleção brasileira jogando no país apenas em jogos oficiais, há uma gritante falta de empolgação, a camisa amarela ficou como símbolo de uma corrente política, poucos são os locais em que o clima seja de Copa do Mundo. Para piorar a liberação dos funcionários por parte das empresas e escolas desde anos atrás agora se dá na véspera das partidas.

Se o Brasil foi campeão em 1958, 1962, 1970, 1994 e 2002, sempre com muitos craques, o que muita gente também não esquece é o vexatório 7 a 1 sofrido em BH diante da Alemanha, na semifinal de 2014. “Todo dia é um 7 a 1” virou uma expressão para referir-se a uma situação adversa por parte de um indivíduo, ou até mesmo para definir tudo de ruim no Brasil.

E a Educação também não escapou, assim como a educação. Em boa parte do país, as prefeituras deixaram de lado o Ensino Médio, ficando o Estado a cargo do segmento. Há um avassalador analfabetismo. A pontuação ortográfica e a letra maiúscula viraram artigos de luxo. O pensamento crítico dos estudantes, baseado em argumentos e dados, quase sempre é confundido com a falta de educação, respeito e posicionamento ético. Se nas redes sociais há uma enxurrada de “gratidão”, “empatia” e “felicidade”, no mundo real as pessoas sofrem cada vez com ansiedade e outros transtornos. Há uma inversão de valores na relação professor-aluno-família. E o pior para muitos: professores, no afã de seres amigos de seus alunos, se tornam bonzinhos, sem a preocupação de serem realmente bons profissionais.

Se você contou cada situação mencionada acima, são sete. E o placar de 7 a 1, como no referido jogo, tem o “gol de honra” que é a esperança que existe em cada educador de verdade, buscando ensinar, orientar e permitir a autonomia do estudante no processo da construção do conhecimento, a fim de prosseguir o caminho do objetivo alcançado, que não deve ser a aprovação a qualquer custo. Só que isso é assunto para outra conversa.

Bola ou Búlica: Professor Vinicius Fernandes estreia sua coluna semanal no JPA
Vinicius Fernandes Batista é professor, tradutor e revisor. Um carioca que não gosta do Rio de Janeiro, mas adora a trinca de V: verdade, vinho e viagem

 

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