A falácia do voto nulo e em branco

Mais um ano de eleição e sempre vem à tona uma antiga falácia. Se a maioria dos eleitores votar em branco ou anular o voto, a eleição será cancelada e deverá ocorrer um novo pleito com outros candidatos. Trata-se de mais uma daquelas história que todo mundo já ouviu falar, mas ninguém sabe de onde veio.
O voto nulo e em branco não têm esse poder. Quem prega esse tipo de discurso , além de se omitir na expressão de sua vontade no exercício da democracia representativa, induz os demais eleitores a erro.
Matematicamente, voto nulo e em branco têm o mesmo efeito, ou seja, são descartados no cômputo dos votos válidos. Consiste numa herança da época em que se votada com papel. O voto em branco quer dizer tão somente que o eleitor se absteve de emitir sua vontade. Ao invés de não comparecer na sessão eleitoral e ter que justificar a sua ausência, comparece e se omite. Uma espécie de presença na ausência.
Já o voto nulo é aquele em que há dúvida no que o eleitor expressou. No tempo das cédulas era como se votasse em dois candidatos para o mesmo cargo ou em alguma pessoa que não está efetivamente concorrendo.
Sendo assim, para definir o vencedor de uma eleição majoritária se descontam os votos nulos e em branco e se trabalha tão somente com os votos válidos que são os que efetivamente foram dados para algum candidato. Deste modo, se algum destes obtém metade mais um do total de votos estará eleito em primeiro turno. Do contrário, os dois mais votados irão para um segundo momento para que realmente seja verificada a opção da maioria dos eleitores que efetivamente expressaram sua vontade.
Portanto, ao votar em branco ou anular o voto o eleitor simplesmente estará fazendo com que alguém se eleja com cada vez menos votos, ou, como diria Gramsci, “ teu silêncio conivente e fantasiado de neutralidade” produz esse tipo de cenário assim como numa eleição proporcional onde o efeito é pior fazendo com que, em certas cidades, vereadores ocupem uma cadeira no Legislativo municipal com algumas dezenas de votos.

Seja o primeiro a comentar

Faça um comentário

Seu e-mail não será divulgado.


*