A importância do pensamento crítico por parte do alunado

Há muito tempo a humanidade tem a ideia de que criticar é censurar, é falar mal, é apontar ou ressaltar as imperfeições de algo ou alguém.

 

No entanto, “o pensamento crítico, científico e criativo é a segunda das 10 competências gerais da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) que o Ministério da Educação (MEC) compreende como itens indispensáveis à formação integral de um cidadão.”

 

Sempre existiram indivíduos com um senso crítico mais frágil, mas atualmente é fácil perceber muitos comportamentos em que parece não haver qualquer sinal de um senso crítico bem formado, seja na sala de aula ou fora dela (as redes sociais escancaram tal situação).

 

Conflitos, muitas vezes desnecessários, e reações desproporcionais, sejam de ódio, de passividade, de insegurança emocional, de assédio, de preconceito, de compreensão do meio, das pessoas, e das situações e contextos, enfim têm sido cada vez mais comuns.

 

Segundo especialistas, desde a primeira infância, os indivíduos desenvolvem “a capacidade de pensar de forma clara e racional” e a escola tem papel fundamental neste processo, pois muitas crianças, se dependessem apenas da convivência familiar, teriam dificuldade em conseguir este desenvolvimento de forma ampla, diversificada, reflexiva, justa e equânime.

 

De acordo com a Stanford Encyclopedia of Philosophy, a adoção do pensamento crítico como objetivo educacional foi “recomendada com base no respeito à autonomia dos estudantes e na preparação destes para o sucesso na vida e para a cidadania democrática”. Além disso, “demonstrou-se experimentalmente que a intervenção educacional aprimora as habilidades do pensamento crítico, principalmente quando inclui diálogo, instrução ancorada e orientação”.

 

Esses argumentos, sem dúvida, fariam da escola um bom ambiente para que a criança e o adolescente desenvolvam as habilidades necessárias ao pensamento crítico, uma vez que está exposta a um sem-número de informações propícias ao fomento de reflexões consistentes.

 

Entretanto muitos obstáculos aparecem pelo caminho. Por exemplo: um professor mal formado; um professor que não é consciente do seu papel; um professor que tenta impor suas ideias como verdades únicas; profissionais que acreditam que o pensamento crítico não tem a ver com criatividade; profissionais que não sabem resolver o problema da exposição de falácias e raciocínios ruins; etc.

 

Recentemente uma instituição de ensino resolveu promover uma ficha de avaliação dos docentes por parte do corpo discente. Uma atitude coerente e justa, já que os estudantes são avaliados frequentemente por seus “mestres”. O documento e a análise seriam instrumentos importantes para medição da efetividade da relação entre ensino e aprendizagem e da adequação da prática pedagógica docente. Estariam os professores deixando claro os objetivos da sua disciplina para o ano letivo? Teriam eles conhecimento sobre o que precisam explicar? Utilizam metodologia que motive a aprendizagem? Apresentam (e discutem) os critérios de avaliação? Analisam os resultados da avaliação e orienta a superação de dificuldades com relação a sua aprendizagem? Procuram garantir a aprendizagem de todos? Desenvolvem o conteúdo da disciplina apresentando diversas posições teóricas e de forma crítica? Incentivam a participação os estudantes? Sugerem referências bibliográficas? Usam um vocabulário adequado?

Essas dez perguntas (e muitas outras) seriam de grande valia para qualquer professor fazer uma autoanálise, porém, sem orientação e baseados apenas em resultados (notas), o que se viu foi uma reclamação em série por parte do professorado, estudantes se justificando (talvez com medo de possíveis represálias) e um ambiente tenso criado. Justamente pela falta de senso crítico, ou seja, a capacidade de analisar, refletir ou buscar informações antes de tirar uma conclusão.

 

Bola ou Búlica: Professor Vinicius Fernandes estreia sua coluna semanal no JPA
Vinicius Fernandes Batista é professor, tradutor e revisor. Um carioca que não gosta do Rio de Janeiro, mas adora a trinca de V: verdade, vinho e viagem

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