Bolsonarismo x Ética Iluminista

Bolsonarismo x Ética Iluminista——


Há mais de 300 anos, John Locke, uma testemunha ocular da Revolução Inglesa, lançou com as suas ideias liberais, as bases de um movimento que mudaria para sempre a história da humanidade. Foi o movimento iluminista, que inspirou a Independência das Treze Colônias, a Revolução Francesa, a Independência da América Espanhola e por aí vai. Desde então, a ética iluminista tem regido quase todos os grupos humanos do planeta.

As ideias de Rousseau, Voltaire, Montesquieu e de tantos outros, influenciam o nosso cotidiano e a nossa maneira de pensar, contribuindo para o surgimento das nossas escolas, da República Moderna, do Estado Democrático de Direito e dos Direitos Humanos.

O pensamento iluminista tem influenciado a nossa noção do que é certo e errado. Se você é capaz de se indignar diante de situações de preconceito e injustiça é porque assimilou os princípios iluministas.

Agora uma pergunta: Você consegue identificar em Bolsonaro e seus seguidores os princípios acima enumerados? Não. Porque o bolsonarismo, devido a sua inspiração fascista, é a antítese dos valores iluministas.

Todo esse desprezo pela ciência, pela imparcialidade jurídica e pela intolerância, nos remete à um ocidente pré-iluminista. Para essas pessoas, existem sim outras inferiores e não poder dizer isso livremente é uma afronta ao que chamam, cinicamente, de liberdade de expressão. Para eles, liberdade de expressão é poder esculachar livremente os que não se enquadram no que consideram o padrão ideal.

Os ataques às instituições democráticas, que aos mais ignorantes engana como prova de crítica ao sistema político vigente, é apenas a manifestação do antagonismo visceral que os bolsonaristas nutrem pela limitação do poder executivo.

Montesquieu, aprofundando o pensamento de Locke sobre o liberalismo divulgou, em seu livro o “Espírito das Leis ” de 1748, a receita para limitar o poder dos governantes. Embora o contexto no qual Montesquieu concebeu a separação dos três poderes tenha sido o do Antigo Regime Absolutista, se Montesquieu tivesse conhecido Bolsonaro, com certeza teria se inspirado no mesmo sentido.

Atacar as instituições democráticas faz parte da guerra fascista, assim como marginalizar professores e desacreditar a ciência. Essa prática tumultua o tabuleiro social e promove o fortalecimento dos grupos religiosos fundamentalistas que tanto têm se beneficiado e ao mesmo tempo contribuído para o governo Bolsonaro.

O Brasil que nos espera após a saída de Bolsonaro do poder nos deixa muitas dúvidas, mas um certeza nós temos: Quanto mais tempo ele continuar no poder, mais distante ficará a possibilidade de colocar em prática as determinações da nossa Constituição Cidadã de 1988 que, para desgosto dos bolsonaristas, é profunda e humanamente inspirada nos princípios iluministas.

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*Professor de História

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