O relatório de Caminha e o início da colonização do Brasil

Carta de Caminha

O relatório de Caminha e o início da colonização do Brasil ——

Logo depois de tomar posse do Brasil, a frota de Cabral seguiu para a Índia, como havia ordenado o rei.. Um navio, porém, retornou imediatamente para Lisboa. Levava a carta redigida pelo escrivão Pero Vaz de Caminha para El Rei de Portugal. Essa carta continha um relatório sobre a terra “descoberta”. Como bom renascentista, o escrivão descreveu maravilhado a natureza, os habitantes amistosos e bonitos.

Mas Caminha nunca se esqueceu de sua missão. Com gestos, perguntou aos índios se eles conheciam ouro e prata (o ideal mercantilista) e se tinham instrumentos de ferro. Não obteve nenhuma resposta convincente. Também reparou que os índios não plantavam nada em grande quantidade que pudesse ser vendido na Europa.

Decepcionado, Caminha concluiu que o Brasil só seria importante mesmo para a Igreja “converter o gentio (os índios)” ao cristianismo e para os navegadores da rota Portugal/Índia fazerem escala no litoral.

Assim, o Brasil servia principalmente como escala dos navios que iam para as Índias. Paravam aqui para pegar água, comida e consertar avarias. Portugal instalou no litoral brasileiro algumas feitorias, pequenas bases militares com soldados, que ficavam morando por aqui durante alguns meses e depois eram substituídos por outro grupo. Nessas feitorias, guardavam alimentos, munição e ferramentas.

Comerciantes portugueses enviaram navios para recolher produtos da costa brasileira, como aves raras e bonitas, peles de onças e especialmente pau-brasil. O pau-brasil é uma árvore nativa (existia naturalmente, ninguém plantava) que tem um lenho (núcleo) que servia para fazer corantes vermelhos para tingir tecidos. Por isso era chamado de pau de tinta. A madeira também servia para fabricar móveis de qualidade.

A exploração desses produtos era monopólio da Coroa portuguesa. Os comerciantes precisavam de autorização do rei e tinham de pagar o imposto igual a um quinto de tudo que tivessem trazido do Brasil.

É claro que, no começo do século XVI, Portugal ainda não tinha uma noção clara do que era o Brasil. Por isso enviou navegantes e especialistas para realizar expedições de exploração geográfica. Eles traçaram um mapa do litoral, mostrando os rios, as baías, os perigos para a navegação. Conhecendo melhor nossa costa, a Coroa poderia melhor dominá-la: saber é poder, não concorda?

Os navios portugueses que vinham para nossa costa logo perceberam que não eram os únicos visitantes. Deram de cara com corsários holandeses, ingleses e franceses. Os corsários eram piratas a serviço do Estado. E o que eles faziam por aqui? Atacavam os navios portugueses que iam ou voltavam das Índias. Também aproveitavam para encher os porões dos navios de pau-brasil e animais exóticos.

O governo português enviou expedições guarda-costas que capturaram alguns navios corsários. Certa vez, os piratas sofreram um castigo terrível. Depois de torturados, foram amarrados e enterrados na areia. Só as cabeças de fora. Quando a maré subiu, morreram afogados. O que nos leva a pensar: quem era mais violento, os piratas ou os que combatiam os piratas?

O COMEÇO DA COLONIZAÇÃO.

Puxa, se no começo do século XVI Portugal não se preocupou em colonizar o Brasil, o que fez os portugueses mudarem de idéia?

O primeiro motivo foi o receio de perder o controle sobre as terras descobertas. Afinal de contas, havia muitos piratas estrangeiros na costa do Brasil, sempre ameaçando o domínio português.

O segundo motivo foi que Portugal precisava encontrar novas fontes de lucros. É que, na mesma época, comerciantes de outros países europeus, como Holanda, Inglaterra, e França já tinham aprendido a navegar até a Índia. Portugal tinha perdido a exclusividade do comércio marítimo com o Oriente. A concorrência fazia seus lucros começarem a cair.

Resumindo: o medo de perder a posse da terra para os corsários e a busca de novos negócios levavam o governo português a tentar colonizar o Brasil. A primeira tentativa oficial aconteceu no ano de 1532, quando Martin Afonso de Sousa comandou uma expedição que trouxe centenas de portugueses para viver no Brasil (por favor, nada de decorar nomes e datas!). Os colonos pioneiros fundaram a primeira cidade portuguesa no Brasil, a vila de São Vicente, próximo de onde hoje está a cidade de Santos (SP).

AS CAPITANIAS HEREDITÁRIAS

O Estado português já estava gastando muito dinheiro protegendo o comércio com o Oriente e não queria desperdiçar recursos no Brasil. Por causa disso, o rei de Portugal buscou apoio da nobreza para colonizar as novas terras. Em 1534, ele dividiu o Brasil em enormes fatias e entregou cada uma delas a um nobre português. As fatias eram territórios chamadas de capitanias hereditárias, e os nobres contemplados eram os donatários.

Os donatários não eram exatamente donos daquelas terras. Por exemplo, não podiam vender a capitania. Mas tinham autorização de doar pedaços de terras (as sesmarias). Cada donatário ganhou amplos poderes em sua capitania, mandando sobre todo mundo. Sua única obrigação era pagar impostos ao rei de Portugal.

Era muito difícil iniciar a colonização de uma capitania. Onde arrumar gente disposta a viver no Brasil para sempre? Quem teria coragem de arriscar tanto dinheiro na tentativa de montar uma colônia? Diante dos problemas, alguns donatários nem deram atenção ao Brasil. Receberam a capitania, agradeceram e foram tratar de outros assuntos. Uns donatários ainda tentaram, porém a maioria falhou. O erro principal foi desprezar os índios. Assim que chegavam, os colonos tomavam as terras dos índios e tentavam escravizá-los. Os índios, obviamente, reagiam matando os colonos.

No começo , somente duas capitanias prosperaram: São Vicente (onde hoje está São Paulo) e Pernambuco. Nos dois casos, os colonizadores tiveram a habilidade de fazer amizades com alguns índios, em vez de hostilizá-los. Além disso, instalaram engenhos para produzir açúcar, que logo se mostrou muito lucrativo.

O relatório de Caminha e o início da colonização do Brasil

Relembre o inicio da colonização portuguesa no Brasil

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