Racismo no futebol espanhol é resquício do fascismo franquista

 

Racismo no futebol espanhol é resquício do fascismo franquista —–

 

A embaixadora Maria Laura da Rocha, que atua como ministra das Relações Exteriores substituta, condenou veementemente os atos de racismo direcionados ao jogador de futebol brasileiro Vini Jr., atacante do Real Madrid, ocorridos no último domingo (21).

A embaixadora ressaltou a frequência desses atos de racismo, afirmando: “É alarmante a persistência desses crimes cometidos contra o atleta brasileiro, contra todos os afrodescendentes e, de fato, contra toda a humanidade, a cada cântico racista e gesto lançado contra o jogador”.

A declaração foi feita pela embaixadora Maria Laura durante a abertura do seminário “Brasil-África: relançando parcerias”, realizado no Palácio Itamaraty, em Brasília, nesta segunda-feira (22). O evento faz parte das celebrações do Dia da África, que ocorrerá na próxima quinta-feira (25).

Em relação à expulsão do jogador brasileiro durante uma confusão generalizada ocorrida em campo durante a partida entre Real Madrid e Valência, no Estádio Mestalla, a ministra do MRE substituta lamentou o incidente diante de uma plateia composta principalmente por representantes de países africanos, afirmando: “Ontem, durante o jogo, Vinícius Junior recebeu um cartão vermelho por não ter suportado todas essas situações. Lamento profundamente”.

Ela acrescentou: “O cartão vermelho deve ser mostrado ao racismo”.

Desde o incidente, o jogador tem recebido apoio de autoridades brasileiras, personalidades do esporte e colegas de clube na Espanha.

Em comunicado, a LaLiga, a liga espanhola de futebol profissional, informou que solicitou todas as imagens disponíveis para investigar o incidente. A declaração dizia: “Após a conclusão da investigação, caso seja identificado um crime de ódio, a LaLiga tomará as medidas legais apropriadas”.

Herança maldita

Durante a era do regime fascista de Francisco Franco na Espanha (1939-1975), houve uma forte repressão política e social, mas também um elemento significativo de racismo. Embora o principal alvo da repressão fossem os opositores políticos, como republicanos e comunistas, o regime também discriminava grupos étnicos e minorias.

 

Os grupos mais afetados pelo racismo na Espanha fascista eram os ciganos (conhecidos como “gitanos” em espanhol) e os imigrantes de origem africana. Os ciganos eram estigmatizados e frequentemente alvo de perseguição, incluindo restrições à sua liberdade de movimento, trabalho e educação. O regime de Franco promoveu uma política de assimilação forçada dos ciganos, tentando suprimir sua identidade cultural e forçá-los a se integrar à sociedade dominante.

 

Da mesma forma, os imigrantes africanos enfrentaram discriminação e racismo sistemáticos durante o período fascista. A imigração africana para a Espanha era limitada e controlada, e aqueles que conseguiram entrar no país enfrentaram obstáculos significativos para obter emprego e habitação. Houve relatos de segregação racial, violência policial e restrições à participação política e social dos imigrantes africanos.

 

Além disso, durante a Guerra Civil Espanhola (1936-1939) que antecedeu o regime franquista, houve uma colaboração ativa entre as forças fascistas espanholas e as tropas italianas de Benito Mussolini e as tropas nazistas de Adolf Hitler.

Essa colaboração resultou em atrocidades contra grupos étnicos e minorias, como o bombardeio de cidades civis e o assassinato em massa de oponentes políticos.

 

No entanto, é importante observar que o racismo não era exclusivo da Espanha fascista. Muitos países europeus da época também promoviam políticas discriminatórias contra grupos étnicos e minorias.

A história da Espanha fascista é um capítulo sombrio do país, mas é necessário entender que o racismo e a discriminação são fenômenos históricos que infelizmente ocorreram em várias partes do mundo.

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