Sítio arqueológico “Aldeia do Portinho”: Esclarecimentos da arqueóloga Jeanne Cordeiro

Ossada feminina batizada de Boop

Neste fim de semana estive novamente no sítio arqueológico “Aldeia do Portinho” onde a arqueóloga Jeanne Cordeiro pediu para que eu divulgasse no Blog que alguns meios de comunicação da cidade têm veiculado erroneamente que a fêmea cuja ossada foi encontrada no sítio teria sido mãe. Embora tenha sido encontrada uma nova ossada, desta vez de uma criança, Jeanne disse não ter afirmado haver qualquer relação de parentesco entre ambos. Com base nas análises superficiais, afirma apenas que as ossadas possuem uma datação próxima.

De acordo com o release do sítio elaborado pela arqueóloga, o sítio foi encontrdo e registrado no IPHAN no ano de 2007, quando foi feita uma avaliação do local onde seria construído um condomínio.

Foi identificado então o chamado”Complexo de Sítios Arqueológicos do Portinho”, composto por dois sambaquis clássicos e duas aldeias de grupos agricultores-ceramistas.Uma delas já teria sido destruída. Há evidências de que estes grupos tenham convivido com os sambaquieiros.

Ainda de acordo com o release, o sítio ” Aldeia do Portinho ” pode ser datado entre 2000 e 1500 a.p. e foi habitado por sambaquieiros e agricultores ceramistas(da tradição Una), grupo humano ao qual pertenceu a mulher encontrada.

No sítio foram encontrados vestígios de estrutura de habitação (buracos de estaca), fogueiras onde foram encontrados ossos humanos carbonizados(provavelmente de rituais de cremação), restos alimentares( peixes, felinos e aves), lascas de quartzo, pontas ósseas, material lítico polido e os sepultamentos.Uma agulha e um fragmento de disco de fuso revelam a presença de atividade de tecelagem(característica da tradição Una).Com esta tecnbologia seriam capazes de confeccionar rede de pesca e de dormir.

Segundo arqueóloga Jeanne Cordeiro a convivência destes dois grupos humanos distintos, provocou profundas transformações na sociedade sambaquieira por volta de 500a.C.

Após esta última visita,, não menos emocionante que as anteriores refleti sobre a importância histórica e cultural deste sítio para a nossa história. Este sítio constitui um espaço onde culturas diferentes coexistiram pacificamente(não há sinais de confronto).Espero sinceramente que possamos preservá-lo e que tais decobertas sejam o mola propulsora para uma mudança na mentalidade cultural da nossa sociedade. Ao deixa o sítio me perguntei: Será o progresso, com os seu ditames consumistas, capaz de reconhecer a importância do passado e com ele conviver harmoniosamente ?

O poder politico local tem nas mãos uma ótima oportunidade de mostrar ao que veio e…
…para onde vai!!