Sobre partidos, filiações e recompensas.

Toda agremiação partidária parte do princípio de que aqueles que buscam filiar-se para compor seus quadros; o fazem por estar em consonância com os princípios estatutários que norteiam o referido partido.
No entanto, a todos os brasileiros em condições de exercer a sua cidadania é facultada a possibilidade de filiação, principalmente em partidos que defendem a democracia , a equidade e a diversidade em seus quadros.
O que não se pode antever são as verdadeiras intenções daqueles que se filiam, que muitas vezes embora empunhem bandeiras de causas justas e dignas, são na verdade “Cavalos de Tróia”, utilizando aqui o elemento da Odisseia para ilustrar os efeitos danosos de algumas filiações.
Mesmo sabendo que a política é por muitos encarada como um jogo, uma jogatina na qual muitos dos seus participantes não se furtam de utilizar métodos escusos e levianos na busca pelo poder, o Partido Socialismo e Liberdade luta para que seus quadros evitem se deixar levar pelas práticas indignas e que possam imobilizar o partido, como a promoção da discórdia e infidelidade partidária, situações que certamente contribuíram para prejudicar o desempenho político dos candidatos do partido nas últimas eleições.

Existem pessoas que aceitam o diálogo e trabalham para a mudança e fortalecimento do coletivo. Outras não aceitam menos que o protagonismo, personalismo e os holofotes.

Nos últimos anos, a população cabo-friense experimentou lamentáveis exemplos na gestão pública. Mas enquanto isso acontecia, as pessoas que seriam capazes de promover a mudança política necessária, estavam sob ataque, sendo confundidos, mistificados e levados ao erro de julgamento. Tudo isso fica muito fácil de ser semeado em terrenos instáveis, é verdade, nos quais egos inflados deixam de ouvir , cegos pela perspectiva de poder. Um efêmero poder.

A velha política sabe muito bem como agir para desarticular aqueles que não podem comprar: Infiltram os que se vendem. Dividem para conquistar numa antiga tática de controle e desmobilização que remonta ao Império Romano, mas que a vaidade pueril e a arrogância não permitem perceber.
A vaidade entorpece os sentidos e nos impede de perceber os perigos.
Para ser mais objetivo, espero que o exemplo do que aconteceu com o PSOL/Cabo Frio nos últimos anos sirva de lição para todos aqueles que defendem o bom combate. A deslealdade, a covardia, a leviandade, embora largamente utilizadas pela velha política, não combinam com partidos de esquerda, pelo menos não com a ideia de se reunir para lutar pelo bem comum. É impossível sair para lutar contra o mal, tendo as paredes da casa fragilizadas, carcomidas pela discórdia. É impossível promover a confiança na possibilidade de mudança, tendo a desconfiança e o atrito como práticas cotidianas.

Partidos não existem, são abstrações criadas pela reunião da vontade dos indivíduos. A vontade dos indivíduos é movida por duas forças principais: pela ambição ou pela fé no bem comum. Por uma questão de coerência, para ser generoso, todo cidadão antes do ato da filiação deveria consultar a sua própria consciência.

A prática da boa política é sempre árdua e ingrata, mas os que se rendem aos apelos da politicagem barata e personalista recebem, indignamente, mas recebem as suas recompensas.

 

*Rogério Carvalho é professor de História e estudante de jornalismo.

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