A Educação no primeiro debate presidencial

No último domingo (28) foi realizado o primeiro debate presencial das eleições de 2022, organizado pelo grupo Bandeirantes, Folha de S.Paulo, UOL e TV Cultura, com a participação dos seis primeiros colocados na intenção de voto.

Jair Bolsonaro (PL), Ciro Gomes (PDT), Lula (PT), Simone Tebet (MDB), Felipe d’Avila (Novo) e Soraya Thronicke (União) estiveram presentes e deram à Band o primeiro lugar na audiência durante vários minutos, conseguindo média de 13,3 pontos e o segundo lugar no geral. O evento, iniciado às 21h, começou com nove pontos e chegou a 19, perto das 23 horas.

Muito se falou na boa participação das candidatas, do fraco desempenho do ex-presidente, primeiro colocado nas pesquisas, e principalmente da atitude (já corriqueira) do atual mandatário, de ofender pessoas. Dessa vez a escolhida foi a jornalista Vera Magalhães, da TV Cultura, que fez uma pergunta para Ciro Gomes (PDT) sobre a política do governo Bolsonaro sobre vacinas. A jornalista disse que houve desinformação sobre as vacinas contra a covid-19 que foram disseminadas por Bolsonaro.

“Vera, acho que você dorme pensando em mim. Você tem alguma paixão em mim. Não pode tomar partido num debate como esse. Fazer acusações mentirosas a meu respeito. Você é uma vergonha para o jornalismo brasileiro”, disse Bolsonaro.

Em seguida, o presidente prosseguiu marcando mais um gol contra, ao rebater críticas de Tebet, que o acusou de ter raiva de mulheres e de usar robôs em redes sociais para disseminar fake news:

“Eu defendo as mulheres. Quando eu defendo a arma no campo, em especial, é para dar chance pra mulher se defender. Eu dei mais de 370 mil títulos de reforma agrária no Brasil, e deixo claro 90% desses títulos foram para mulheres. Vinte milhões de pessoas que recebem. Não cola mais. Não cola isso. Uma mulher, se, porventura, faz algo errado, ela tem que responder por isso. E não ser defendida só porque é mulher. Chega de vitimismo. Somos todos iguais. Me acusa sem prova nenhuma. Começa dizendo que eu defendi o estuprador. Qual? Qual estuprador? Por que essa forma barata de me acusar como se eu não gostasse de mulheres? Eu fui o governo que mais sancionou leis defendendo mulheres. Não fica aqui fazendo joguinho de “mimimi”. Robô? Ora, meu Deus do céu, qual é a sua posição sobre liberdade de imprensa? Não vi ninguém do seu lado falar sobre essa agressão contra os empresários que tiveram uma busca e apreensão na tua casa porque estavam discutindo numa rede privada. Que negócio é esse? Qual a defesa que a senhora faz da liberdade de imprensa? Da liberdade… em toda sua plenitude? Para de fazer discurso barato, prezada senadora”, disse Bolsonaro.

No entanto, e a Educação? O programa trouxe momentos em que apareceram propostas para melhoria da aprendizagem, ainda que breves. Os candidatos trataram de temas como impacto da pandemia na educação, ensino médio e os investimentos em educação. No entanto as perguntas direcionadas pelos rivais a Jair Bolsonaro não trataram especificamente do assunto.

Uma parceria dos organizadores com o Google mostrou que “escola” e “educação” foram respectivamente o terceiro e quarto termos mais buscados relacionados ao debate, à frente de outros como “covid-19” e “corrupção”. Em maio, uma pesquisa encomendada pela ONG Todos Pela Educação mostrou que para 59% dos eleitores, a educação seria uma prioridade na hora de decidir o voto. No entanto, ao que parece os presidenciáveis não levaram isso em consideração, lamentavelmente.

Lula declarou, em resposta à pergunta feita por Ciro Gomes: “A gente não tem informação do MEC para saber quantas crianças estão hoje, sabe, com o grau de educação muito abaixo daquilo que deveria estar. Porque hoje nós temos dois tipos de estudantes. Nós temos aquele que teve acesso a tablet, computador e continuou estudando durante a pandemia, e nós temos aqueles mais pobres que não conseguiram acompanhar e ficaram sem ir para a aula. Além disso, nós temos no ensino médio uma quantidade de evasão escolar muito grande. A primeira coisa que eu pretendo fazer, se ganhar as eleições, é logo no começo de janeiro convocar uma reunião com todos os governadores de Estado, convocar uma reunião com os prefeitos das capitais, no primeiro momento, para que a gente possa fazer um pacto, de fazer uma verdadeira guerra contra o atraso educacional que a pandemia deixou”.

Ao comentar a resposta do rival, Ciro disse: “O Ceará tem hoje a melhor educação pública do Brasil, e eu, modestamente, ajudei a produzir isso. Nós temos em todos os indicadores de avaliação, 79 das 100 melhores escolas públicas do Brasil, e já estamos encaminhando uma equação para esse prejuízo grave que a pandemia causou entre a comunidade escolar. […] O descuido com a educação brasileira parece ser um projeto de governo”. Para chegar a esse objetivo, o candidato declarou ainda que é preciso “mudar o padrão pedagógico, trocar o decoreba por um ensino emancipador, que os tempos digitais pedem, e reforçar estruturalmente o financiamento”. E mais à frente atacou o ex-presidente e o foco no ensino superior durante os governos do PT: “Acabou de falar aí, o Presidente Lula, de bilhões, de milhões de crianças e adolescentes, de estudantes que foram para o ensino universitário, é verdade. O Brasil tem hoje 18, de cada 100 garotos de 18 a 25 anos, no ensino superior. A Colômbia tem 42. E quando nós vamos olhar que tipo de escola passaram no governo do PT, do Lula, R$ 40 bilhões para empresários privados. Deixando um garoto endividado no começo da vida com uma conta de R$ 110 a 150 mil no FIES (Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior)”.

Bola ou Búlica: Professor Vinicius Fernandes estreia sua coluna semanal no JPA
Professor Vinicius Fernandes

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