Cinco frases ocultas nos adesivos de Bolsonaro

Cinco frases ocultas nos adesivos de Bolsonaro

 

Toda vez que apertamos o botão de confirmar nas urnas eletrônicas estamos fazendo acontecer a democracia representativa, na qual concretizamos as nossas aspirações políticas através dos nossos representantes.

Desse modo, podemos dizer que quando escolhermos um candidato para nos representar é como se estivéssemos afirmando para a sociedade: ” Eu penso como ele.”

Essa constatação é assustadora em tempos de bolsonarismo. Imaginar que os nossos vizinhos, parentes e conhecidos fazem questão de dizer na rua abertamente e sem a menor vergonha que comungam de tudo de ruim que o bolsonarismo representa.

Quem ostenta um adesivo bolsonarista no carro está assumindo publicamente que concorda com o modo obtuso de encarar a realidade que característica o bolsonarismo é o que é pior : que concorda com o modo criminoso com o qual o Brasil está sendo governado.

Eu poderia aqui elencar dezenas de mensagens transmitidas por um adesivo bolsonarista, por uma questão de objetividade, nos ateremos a apenas cinco:

1- “Eu desprezo a democracia e defendo a ditadura.”

“Através do voto você não vai mudar nada nesse país, nada, absolutamente nada! Só vai mudar, infelizmente, se um dia nós partirmos para uma guerra civil aqui dentro, e fazendo o trabalho que o regime militar não fez: matando uns 30 mil, começando com o FHC, não deixar para fora não, matando! Se vai morrer alguns inocentes, tudo bem, tudo quanto é guerra morre inocente.” (Bolsonaro, 1999) ”

Nos últimos três anos meio, bolsonaro não passou um mês sequer no qual não tenha atentado contra as instituições democráticas do Brasil. Sua defesa da ditadura militar, os ataques ao STF, a políticos de oposição e jornalistas revelam o caráter autoritário do seu governo. Só mesmo em um país no qual muitas instituições do Poder Executivo estão afinadas com a aberração política que o bolsonarismo representa é que sair pela rua com um adesivo que prega contra Constituição, não é considerado um crime.

2- “Eu concordo em explorar a fé e transformar igrejas em currais eleitorais.”

“Somos um país cristão. Não existe essa historinha de Estado laico, não. O Estado é cristão. Vamos fazer o Brasil para as maiorias. As minorias têm que se curvar às maiorias. As minorias se adequam ou simplesmente desaparecem” (2017)

Independentemente de se ter ou não uma fé, todo cidadão em sã consciência concorda que ela é um dos elementos mais puros e primordiais da cultura humana. Ao longo da história a fé serviu a interesses políticos nas diferentes civilizações, estando na base dos regimes absolutistas do século. XVI e dos regimes fascistas do século XX.

No Brasil do bolsonarismo, a fé tem sido utilizada intensamente e de forma imoral na defesa de um grupo político que passa longe dos princípios pregados pelos principais nomes do cristianismo por exemplo. Igrejas ostentando bandeiras do Brasil , pastores, padres e fiéis fazendo sinal de arminhas nas Igrejas, escancaram a desvinculação das lideranças dessas igrejas com o que deveria ser seu propósito principal, que é promover o religamento entre criatura e criador.

No Brasil de Bolsonaro, muitas dessas instituições não passam de núcleos fundamentalistas de defesa da intolerância e da beligerância social. São espaços que utilizam a fé como meio por em prática seus projetos de dominação política.

3- ” Eu apoio a violência contra a mulher.”

” Não estupro porque você não merece”

Além do claro posicionamento do presidente sobre o pensa em relação aos direitos trabalhistas das mulheres e a defesa da ideia de que existem mulheres que merecem ser estupradas, tem dificultado a vida das mulheres no Brasil.

O orçamento para combater a violência contra a mulher em 202, por exemplo é o menor dos últimos 4 anos

A informação foi tornada pública pelo Inesc no último Dia Internacional da Mulher, através de uma. Nota Técnica sobre o uso dos recursos públicos no Ministério de Damares. A falta de recursos, juntamente com a postura agressiva do presidente diante de mulheres jornalista e opositoras tem sido considerados fatores que incentivam seus seguidores a agirem da mesma forma.

4- “Sou a favor de beneficiar os patrões e de aumentar a exploração sobre a classe trabalhadora.”

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“O trabalhador terá de escolher entre mais direitos ou emprego”,disse o presidente Bolsonaro, sintetizando o caráter elitista do seu governo. O desprezo de Bolsonaro pela classe trabalhadora ficou evidente já no primeiro do seu governo, quando ele extinguiu o Ministério do Trabalho, órgão que tinha como objetivo médias as relações e evitar abusos trabalhistas de patrões sobre empregados.

Ao dizer que o trabalhador precisa escolher entre emprego e direitos trabalhistas, Bolsonaro revela sua covarde intenção de responsabilizar a classe trabalhadora pelas mazelas sociais que afetam o Brasil

5- Sou arrogante, ignorante, anticiência e preconceituoso.

Bolsonaro conseguiu a atenção de um parcela da população com um imensa dificuldade de aprender. E não estou me referindo à problemas cognitivos, mas sim ao orgulho que caracteza os arrogantes. São pessoas presas a certezas engessadas em relação a diversos aspectos da vida, que se recusam a admitir que estão erradas. Quando suas ações atentam contra a Constituição incorrendo violações e crimes, preferem defender a suspensão da mesma a rever suas próprias convicções.

São os antivacinas, os terraplanistas, os fundamentalistas religiosos que querem um Brasil cristão e ao mesmo tempo armado até os dentes. Geralmente desconhecem história da humanidade, ou quando conhecem e por ela não se sentem contemplados querem reescrevê-la minimizando ou contradizendo fatos como a escravidão e o holocausto.

Apesar da ojeriza provocada nos seguidores da Constituição quando vemos essas manifestações de ódio pelas ruas, a utilização dos símbolos bolsonaristas nos dá o alerta sobre o grau de doença da sociedade brasileira, além de nos dar a oportunidade de manteremos a devida distância que pode significar a manutenção da nossa integridade física e da nossa saúde emocional.

Gosto não se discute, nem religião, nem política, não é mesmo? Mas o mau gosto das práticas cotidianas, o mau uso da fé e a política do mau que caracteriza o fascismo são assuntos que precisam ser debatidos , principalmente quando alguns cidadãos não demonstram o menor pudor em assumi-los publicamente.

*Professor de História

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