Professor bom x professor bonzinho

Na educação brasileira atual, cada vez mais sofrendo descaso por parte de todas as esferas (municipal, estadual, federal e também privada), existem dois tipos de professor: o bom e o bonzinho.

Logicamente que o ideal seria que um docente ciente e consciente do seu papel pudesse reunir uma série de qualidades que permitissem que ele fosse visto com bons olhos por toda a comunidade escolar (colegas, direção, alunos e responsáveis).

No entanto, mediante vários fatores que interferem na educação moderna, os professores estão caminhando em direção a um desses dois tipos de perfil. E o pior: tal escolha não está gerando muita discussão dentro do ambiente escolar.

O professor bonzinho é aquele, por exemplo, que dá presença para todo o mundo; não explora o conteúdo; poupa seu alunado do cansaço (físico e/ou mental); aplica provas fáceis (e isso facilita também a sua correção); deixa os alunos usarem o celular (e com isso ele também fica à vontade para tal); recebe trabalhos fora da data; aceita tudo o que acontece em sala de aula e, pasmem, se acha no direito de ser “amiguinho” dos alunos, querendo fazer parte do ambiente discente e muitas vezes sendo ofensivo com brincadeiras pejorativas, de mau gosto, disfarçadas por um duvidoso senso de humor.

Já o bom professor é aquele que cumpre o seu papel, independentemente das questões educacionais que o afligem. Por exemplo, registra a real situação de cada dia letivo; desenvolve o seu programa de forma a aprofundar o conhecimento acadêmico do alunado; propõe e orienta pesquisas; incentiva a participação na sala de aula; faz correções detalhadas das avaliações com o objetivo de auxiliar na evolução de cada estudante; respeita os alunos, deixando que expressem suas opiniões; desperta o senso crítico e desenvolve o raciocínio lógico; conscientiza os alunos para a realidade da vida e do mercado de trabalho; e, o mais importante, sabe que com os alunos também se aprende.

Com a educação nacional cada vez mais informal (e isso tem seu lado positivo e também negativo), os dois tipos de professor continuarão pelas instituições escolares de todo o país. Entretanto, o bonzinho sempre irá sobressair porque é garantia de emprego, popularidade e notas que interessam ao alunado. Já o bom seguirá sendo valorizado, porque sua dedicação e determinação sempre são reconhecidas ao final de um ciclo (não necessariamente um ano letivo), pois assim é o processo: tem início (quando ambos se conhecem), meio (os meses que passam juntos) e fim (resultado de todo o esforço). E não somente aula sem preparo, prova simples e nota azul.

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Vinicius Fernandes Batista é professor, tradutor e revisor. Um carioca que não gosta do Rio de Janeiro, mas adora a trinca de V: verdade, vinho e viagem

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