SOBRE O RETORNO PRECIPITADO DAS AULAS PRESENCIAIS

Por Francisco Mattos

Voltas às aulas pandemia

 

Francisco Carlos de Mattos*

O que é mais fácil de ser lembrado? Uma excelente aula ou de várias que não lhe agregaram nada, conhecimento algum?
Este tempo de pandemia, além da necessidade de confinamento, de isolamento social, também se configura como de reflexão. Há que se pensar sobre práticas docente e discente e sobre a necessidade de reformulação, de postura, de concepção
Não ao retorno precipitado às aulas presenciais e um estrondoso sim à preservação da vida!
Governos dizem que os pais estão pressionando e os mandatários afirmam que não se pode perder um ano letivo.
PAUSA PARA O RECREIO!
Por quanto tempo e a partir de quando, estamos trabalhando sem nenhuma condição? As escolas oferecem condições materiais, físicas? As escolas, antes da pandemia, estavam bem estruturadas? As verbas para a educação estavam sendo bem geridas e encaminhadas para os seus reais objetivos? Os nossos professores, além de um salário que seja razoável, estavam recebendo de forma justa e dentro do tempo previsto em lei e sendo atendidos em cursos de aperfeiçoamentos sérios e que pudessem agregar valores, conhecimentos mais atualizados?
A QUEM INTERESSAR POSSA
Conveniências, interesses. De um lado os pais, do outro os governos.
Filhos direto dentro de casa mostram aos pais o real valor do professor. Segundo uma amiga, grande pensadora em educação, “os pais não querem seus filhos dentro da escola. Querem seus filhos fora de casa. Não se iludam!” (Karla Pontes).
Num país com um índice de miserabilidade alarmante e cada vez mais crescente enquanto produto de programas fascistas (aos amigos tudo, aos que que não o são, nada ou aos ricos, mais riqueza e aos pobres, mais pobreza!), vide o descaso com as educação e saúde do nosso país, em que se viu o sucateamento da primeira e o genocídio de parcela significativa da população.
“O ESSENCIAL É INVISÍVEL AOS OLHOS” ¹
Também esse inimigo que temos que enfrentar, sem saber como.
Houve o desprezo da Ciência (incluindo a Saúde Pública), o sucateamento da Educação, o menosprezo da Cultura, a negação do direito à Habitação e tantas outras humilhações que se podem aplicar ao cidadão, ao contribuinte. Nessa perspectiva encaixam-se as conveniências dos representantes do Poder Público.
Quanto mais sem educação, mais fácil de se manipular. Menos educação, menos saúde, menos forças, menos ânimo para lutar.
E mesmo que estejamos chegando ao alarmante número de noventa mil mortos pela Covid-19, com possibilidade de ascensão da curva estatística, assusta ter que concordar com a professora Karla Pontes.

¹. SAINT-EXUPÈRY, Antoine de. O Pequeno Príncipe.

 

*Francisco Mattos é Orientador Educacional da Prefeitura de Cabo Frio, Mestre em Educação pela UERJ, antifascista e filiado ao PSOL.

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